Desde 11 de março de 2020, vivemos em uma pandemia. Isso significa que todas as regiões do planeta estão susceptíveis à transmissão pelo novo coronavírus, sem distinção de barreiras geográficas.
Esse é um momento historicamente novo para a grande maioria da população mundial: pela primeira vez no século XXI, adotamos o isolamento total como medida preventiva para uma doença. Com isso, toda a nossa rotina foi impactada pela doença, desde os trabalhos até a vida pessoal.
Dada a relevância do tema e a importância de buscar fontes confiáveis, este artigo abordará tudo o que você precisa saber sobre a pandemia. Embora certamente haja muito a descobrir, já temos muitas informações disponíveis — e maneiras de filtrá-las. Continue lendo para saber mais!
1. Coronavírus: cenário no Brasil e no mundo
Damos o nome de “pandemia” a qualquer infecção que coloca em risco todos os países do globo. Esse conceito é diferente do de epidemia, por exemplo, que é restrita a uma única localidade, ou surto — que é ainda mais regional.
Até a presente data, já foram identificados mais de 3 milhões de casos mundo afora, com mais de 200.000 mortes. Os Estados Unidos atualmente lideram o número de infectados e mortos, com quase 1 milhão de pacientes doentes. Atualmente, estamos considerando ele como o “epicentro da pandemia”, e não mais a China.
No entanto, os casos mais dramáticos e emblemáticos foram vistos na China (berço da doença) e na Itália. Em ambas as circunstâncias, parece que o coronavírus os pegou desprevenidos, encontrando um cenário propício para disseminação.
A China enfrentou o pico da doença mais precocemente, provavelmente no dia 12 de fevereiro, com mais de 14 mil casos diários. Desde o início de março, o número total de casos parece ter se estabilizado; no entanto, eles mantêm vigilância constante para casos de reinfecção ou doentes estrangeiros. O total de mortos, no país, passa dos 4.600.
Na Itália, a situação é proporcionalmente mais dramática. Eles já enfrentaram mais de 26.000 mortes, e a curva de casos ativos provavelmente só está começando a cair agora. O ápice ocorreu na cidade de Bergamo, que sobrecarregou o sistema funerário e enfrentou filas de caixões e acúmulo de corpos.
No Brasil, enfrentamos uma situação ainda incerta. O primeiro caso noticiado aqui surgiu depois dos de outros países, fazendo nossa epidemia ser relativamente recente. O Ministério da Saúde disponibiliza uma plataforma de acompanhamento em tempo real, por onde podemos acompanhar os casos e mortes pelo coronavírus.
2. A origem do coronavírus
O primeiro relato do novo coronavírus, causador da pandemia atual, data do final de 2019. A cidade chinesa de Wuhan foi a primeira a noticiá-lo, após ser assolada por uma série de casos de pneumonias atípicas. Em 31 de dezembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta para a nova doença.
Pouco se sabe sobre como a doença surgiu, mas a hipótese mais aceita é que ela é uma antropozoonose — uma doença que primeiro surge entre animais, e depois afeta os seres humanos. Outras doenças que participam dessa categoria são o vírus de Marburg, a raiva… e a SARS.
SARS é a sigla que damos para Síndrome Respiratória Aguda Grave, em tradução literal. O primeiro surto detectado foi em 2002, também na China, que resultou em mais de 8000 casos no mundo. Ela é singular porque também foi causada por um coronavírus; daí seu nome inicial, SARS-CoV.
Como vivemos a segunda pandemia de SARS por um coronavírus, o nome oficial da doença atual é SARS-CoV-2 (ou Covid-19). É graças à semelhança à SARS-CoV que podemos deduzir, com relativa confiança, que a doença também veio de um animal. Acredita-se que a epidemia de 2002 tenha sua origem em civetas, animais semelhantes a gatos, comercializados como uma iguaria chinesa.
Atualmente, acreditamos que a SARS-CoV-2 tenha vindo dos morcegos, dada a capacidade desse animal em carregar outros vírus semelhantes. No entanto, uma vez adaptado à espécie humana, a transmissão passa a ser horizontal, de pessoa para pessoa. Por isso, no nível em que estamos na pandemia, não adianta combatermos o vetor animal: é preciso evitar a transmissão humana.
3. Vias de contágio e causas
O coronavírus é transmitido, entre humanos, principalmente pelo ar. Isso explica como sua disseminação é rápida, visto que essa é a maneira mais “eficiente” de epidemias se espalharem. Tosses e espirros — sintomas comuns de síndromes respiratórias — disseminam o vírus pelo ar, tornando pessoas próximas susceptíveis.
Além disso, o vírus sobrevive, por tempo variável, em superfícies como metais ou plásticos. É devido a essas formas de contato que as medidas mais eficazes de proteção são o isolamento social e a higienização, como falaremos mais à frente.
Ainda não compreendemos corretamente como o vírus age no corpo. Há várias teorias sendo formadas, mas nenhuma foi conclusiva — e, portanto, elas fogem do nosso objetivo neste artigo.
Poremos supor, no entanto, que a pneumonia causada pelo coronavírus é similar a outras pneumonias virais: nelas, o agente infeccioso alcança os pulmões e invade as células do órgão. Como vírus não possuem estruturas para se replicar, eles usam as próprias ferramentas do corpo para esse objetivo.
Nosso corpo, no entanto, possui mecanismos de reconhecimento dos vírus e outros patógenos; por isso, ele prepara uma resposta inflamatória que objetiva a destruição desses patógenos. O problema é que essa resposta inflamatória não é específica para o vírus, e também atinge as células do próprio corpo.
Em estágios mais avançados, o vírus pode chegar à corrente sanguínea. Nessa fase, a resposta inflamatória é global, causando efeitos deletérios a todo o corpo, e não apenas ao pulmão. Por esse motivo, uma das principais causas de morte é o chamado “choque séptico”; ele ocorre quando essa reação exacerbada drena as capacidades do corpo de entregar oxigênio e nutrientes aos órgãos vitais.
A maioria das pneumonias virais é autolimitada — ou seja, o próprio corpo elimina o vírus. No entanto, existem alguns fatores que tornam a Covid-19 mais perigosa do que essas outras doenças: primeiro, sua mortalidade é superior à da gripe comum, sendo estimada em torno de 3,5%.
No entanto, o verdadeiro problema do coronavírus é a sua rápida contaminação. Cerca de 10 a 20% dos pacientes com a doença precisam ser hospitalizados, devido à incapacidade dos pulmões de respirar sozinhos. Caso ela chegue ao limite, o paciente precisa ser intubado e respirar com o auxílio de respiradores.
O problema é que, no dia a dia, esses aparelhos não são tão requisitados. Isso significa que, se todas as pessoas ficarem doentes de uma só vez, não haverá respiradores para todos. É nesse ponto que se atinge a tão temida e noticiada sobrecarga do sistema de saúde, que pode ocorrer se não combatermos a transmissão da doença.
4. Sintomas
Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da Covid-19 variam desde um “simples resfriado até uma pneumonia severa”. A doença parece ser similar a uma infecção de via aérea (que pode ser superior ou inferior).
Com isso, os principais sintomas são febre, tosse, coriza, dor de garganta e dificuldade para respirar. A febre é o mais expressivo dos sintomas, presente em mais de 80% das pessoas com vírus. Em segundo lugar vem a tosse, presente em cerca de 40% dos pacientes. Os sintomas começam de 2 a 14 dias após a exposição ou contato com o vírus.
É importante também nos recordarmos que cerca de 80% dos pacientes serão assintomáticos ou terão uma doença leve, que passará desapercebida. No entanto, mesmo pessoas sem o estágio grave da doença ainda podem transmiti-la; portanto, a maioria das pessoas com o sintoma, durante a pandemia, serão consideradas suspeitas — mesmo que não tenham tido contato com um paciente doente.
Outro fator que deve ser levado em consideração é a gravidade dos sintomas. Falta de ar, dor no peito ou cianose (ou seja, coloração arroxeada da pele) deve indicar uma ida imediata ao pronto-atendimento (PA). Casos leves podem ser tratados em regime ambulatorial, sem necessidade de internação.
Nessas situações mais leves, vale mais a pena ser acompanhado por um médico de consultório, fora do PA. Neles, a aglomeração de pacientes possivelmente contaminados é menor; caso você não esteja com o coronavírus, portanto, esta se torna uma opção menos perigosa. No entanto, casos graves ou com sinais de alerta não devem aguardar consulta ambulatorial, sendo tratados com urgência.
5. Formas de prevenção
Ainda não conhecemos a fisiopatologia da doença, nem a proporção que a epidemia pode chegar no país. Por esse motivo, as medidas de prevenção têm sido as mais rigorosas possíveis: em uma pandemia, é sempre melhor prevenir do que remediar.
A primeira e mais abrangente medida é o isolamento social. Embora seja uma estratégia indigesta, ela evita, da maneira mais ampla, que haja o contágio do vírus. Embora alguns países já tenham retomado as atividades aos poucos, o Brasil ainda mantém, em grande parte, a popularmente denominada “quarentena”.
Em seguida, vem a higienização. Consideramos que o vírus pode ser afastado com o uso de álcool em 70%, sabão e desinfetantes caseiros. Por isso, é importante lavar sempre as mãos — antes de sair de casa e após o retorno —, assim como higienizar os produtos que compra.
Por fim, o uso de máscaras é outra medida que vem ganhando cada vez mais popularidade. A princípio, tanto o Ministério da Saúde quanto a OMS tinham recomendado o uso de máscaras apenas por pacientes doentes e profissionais da saúde; o motivo era resguardar as máscaras do mercado para quem atua diretamente com o vírus, pois elas poderiam ficar em falta.
Atualmente, a recomendação é que todas as pessoas fora de casa utilizem máscaras. Elas não precisam ser compradas: o Ministério da Saúde já testou as máscaras caseiras e atestou sua eficácia contra o coronavírus. Para tanto, elas precisam ter duas camadas de pano e cobrir toda a parte da boca e do nariz.
Medidas simples do cotidiano podem ser recrutadas para ajudar no combate à transmissão. Dentre elas, destacamos o cuidado ao tocar a boca, o nariz e os olhos, e evitar compartilhar itens pessoais e objetos. Mesmo dentro de casa, podemos empregá-las e evitar ainda mais a contaminação.
As medidas de prevenção são para todos. No entanto, sabemos que o coronavírus tem uma mortalidade seletiva, sendo muito mais letal em alguns grupos: até os 40 anos, por exemplo, apenas 0,2% das pessoas infectadas morrem pela Covid-19. Esse número salta para até 15%, após os 80 anos de idade.
Por isso, a idade é o principal fator de risco para as formas graves da doença. Idosos devem receber especial atenção e, mesmo que o isolamento comece a se flexibilizar, continuar se prevenindo (na chamada “quarentena vertical”).
O segundo principal fator de risco são as comorbidades. Pacientes com doenças cardiovasculares estão em maior risco de morte, chegando a cerca de 10%. Quem é diabético, tem alguma doença pulmonar, câncer ou hipertensão também está em maior risco de formas graves.
6. Dicas para se manter informado
A melhor maneira de se manter informado sobre a Covid-19 é eleger canais confiáveis para a transmissão de informações. Redes sociais, como o WhatsApp, o Facebook ou o Twitter, não são consideradas fontes seguras. Como já mencionamos, o Ministério da Saúde disponibiliza um painel em tempo real sobre os casos no Brasil.
Além disso, não hesite em procurar um médico caso tenha alguma dúvida sobre a doença ou se estiver com algum sintoma suspeito. Durante a pandemia, o parlamento brasileiro aprovou a telemedicina; portanto, as consultas médicas rapidamente poderão ser feitas online, facilitando temporariamente o acesso a um médico.
Lembre-se que, principalmente em momentos de crise, não é raro que surjam notícias e fatos falsos sobre a doença; afinal, muito sobre ela ainda está sendo descoberto, e toda a comunidade científica está tentando entender como o coronavírus se comporta. Por isso, como regra geral, desconfie de toda informação que for passada por um veículo não oficial. Confira, posteriormente, com um médico, jornal de confiança ou com portais oficiais.
A nova pandemia pelo coronavírus pegou todo o mundo desprevenido. Embora ainda tenhamos muito a aprender sobre a doença, já temos alguns dados que ajudam a nos proteger. Com a transformação digital na saúde, logo estarão disponíveis as consultas digitais — que facilitarão o acesso médico durante a pandemia.
Como dissemos, o SARS-CoV-2 é apenas um tipo de coronavírus. Que tal aproveitar para conhecer mais sobre esses tipos de patógenos? Saiba mais!